Gonçalo Sequeira

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Founder and CEO

A experiência de candidato que ninguém quer ter. 

Não é estranho para quem trabalha na área de recrutamento falar sobre experiência de candidato (Candidate Experience) e várias são as opiniões de como melhorar essa experiência. 

Hoje gostaria de trazer uma perspectiva diferente, a que observo na prática e na realidade do dia a dia de várias empresas. 

Estudos internacionais mostram que 52% dos candidatos já recusaram uma oferta de emprego por causa de uma experiência negativa durante o processo. E 78% acreditam que a forma como são tratados numa candidatura reflete como serão tratados como colaboradores. A experiência do candidato não é um detalhe: é um fator decisivo para atrair e reter talento.

Em Portugal, onde várias empresas lutam por talento, vejo ainda o que chamo de falta dos “mínimos olímpicos” no processo de recrutamento. Estes são, para mim, os fatores que sustentam a minha visão de “mínimos olímpicos”. 

Demora gigante da empresa nas fases do processo, vários meses entre o primeiro contacto e uma possível oferta de trabalho. É o que vejo mais a acontecer e isso faz-me refletir sobre o porquê desta discrepância entre o esperável e o que realmente acontece. 

  • Primeiro, pela indecisão e falta de clareza no perfil que a empresa está a recrutar. Muitas vezes não existe um alinhamento (ou um bom alinhamento) entre as várias partes envolvidas no processo de recrutamento. 

  • Segundo, pela falta de estrutura no processo de recrutamento, resultando em diferentes fases de avaliação com diferentes elementos da equipa técnica. Isso leva a um desfazamento nos critérios de avaliação. Tornando o processo mais difícil por não estarmos a comparar dados “comparáveis”.

  • Por último, existe uma falta de comunicação interna entre as pessoas envolvidas nesse mesmo recrutamento. O feedback partilhado entre fases é vago e pouco eficiente, o que leva vários candidatos a ter mais entrevistas do que o necessário, aumentando desnecessariamente o espaço temporal desde o início do processo até a decisão final.

Podia continuar este artigo a exemplificar outros tantos problemas estruturais das empresas, mas é mais útil deixar de “bater no ceguinho” e ajudá-lo a atravessar a estrada. Por isso, tomo a liberdade de partilhar algumas sugestões de como melhorar os três desafios acima mencionados. 

As permissas são simples, mas “trabalhosas”. Tal como o recrutamento em si, não é difícil, mas dá trabalho. 

Primeiro, criação de uma reunião de começo de um novo recrutamento e de um documento de “intake call”. Esta é uma prática da Hiire em qualquer novo processo. 

Nesta reunião devem estar presentes todos os envolvidos no processo de recrutamento, sem exceções. Esta prática permite que todos os “input” sejam discutidos ao mesmo tempo, diminuindo o risco de haver visões diferentes e, assim, decisões diferentes a meio ou fim do processo. 

Depois de todos os intervinentes no processo partilharem a sua visão e requisitos sobre o recrutamento a ser feito, todos os detalhes devem ser colocados num documento partilhado por todos, revisto e aprovado, ainda antes de se começar a procura dos próximos talentos. 

Assim o processo de recrutamento começa de uma forma clara e objectiva para todos. Qualquer alteração deve ser comunicada ao grupo e o documento atualizado. 

Simples, mas muitas vezes negligenciado em nome da velocidade e pressa em contratar, o que só leva a “miss-hires” ou a processos com feedback pouco objetivos. 

  

Segundo tópico, restruturação de processo. Na reunião de começo de recrutamento, tem que ser abordado quais as fases que o processo de recrutamento vai ter, quem está nelas, objetivo da fase e os parâmetros a serem avaliados em cada uma delas. 

Tendo um ATS (Application Tracking System) para o processo de recrutamento, estas fases devem ser refletidas no mesmo e devem ser criados “scorecards” de apoio à decisão. 

Caso contrário, o que acontece é que na altura das entrevistas os entrevistadores já não têm espaço mental para pensar no que vão avaliar, e acabam por conduzir e avaliar competências diferentes. 

Estando os pontos definidos à partida, essa possibilidade desce drasticamente e torna o processo de avaliação mais justo para todos os candidatos e mais fácil de ser conduzido por todos os entrevistadores. 

A experiência do candidato não é algo que se desenha uma vez e se esquece. Precisa de medir a perceção, seja através de inquéritos pós-processo ou métricas como o Candidate Net Promoter Score (cNPS), e depois ajustar o que não funcionar. 

Por último, a comunicação interna e esta torna-se muito mais fácil, caso os últimos pontos tenham sido bem aplicados. 

Recorrendo a um ATS como o Teamtailor para a partilha de scorecards e notas de entrevistas, ficará muito mais visível a opinião sobre cada candidato. Existindo dúvidas sobre o mesmo, o recrutador deve ser o responsável por promover uma reunião com o decisor do processo e/ou os entrevistadores de forma a abordar o problema entre entrevistas e não só na fase final do processo.

Neste ponto, a tecnologia é uma grande ajuda, mas o fator humano é essencial. 

Existem mais pontos a melhorar nos processos de recrutamento? 

Todos sabemos que sim. Mas podemos concordar, se existir um bom alinhamento entre todos os envolvidos no processo, tudo se torna mais simples e transparente.

Manter uma excelente comunicação entre os vários envolvidos no processo é meio caminho andado para não ter uma experiência do candidato que ninguém quer, e quem sabe tornar um processo de recrutamento uma boa experiência do candidato, melhorando o posicionamento (employer branding) da empresa em cada recrutamento. 

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